Falamos
da Igreja de S. Pedro das Águias – O Velho – situado no Lugar que lhe dá o
nome, na freguesia da Granjinha. A sua construção data do século XI tendo,
segundo Gustavo Monteiro de Almeida, investigador de Património Cultural e de
História Local, sofrido uma provável reconstrução e melhoramentos no século
XII.
Segundo
tradição antiga, esta igreja terá sido fundada pelos ascendentes dos Távora, D.
Tedon e D. Rausendo, que mandaram construir a igreja para albergar uma pequena
comunidade de monges beneditinos. Já no século XII, o Mosteiro mudou-se para o
local actual, em Távora, sendo que em 1170 aparece já referido como pertencendo
à Ordem de Cister. No entanto, o templo primitivo é mantido entre os séculos
XII e XIX onde, com certa regularidade, eram organizadas procissões e outros
cultos religiosos.
Só
em 1834, com a extinção das Ordens Religiosas, é que o edifício é abandonado
acabando por cair em ruínas. Foi muito posteriormente restaurado, entre 1953 e
1955, estando a sua recuperação ligada à Direcção Geral dos Edifícios e
Monumentos Nacionais. Segundo Monteiro de Almeida, “a recuperação foi feita com grande fidedignidade, uma vez
que a maior parte das peças originais encontravam-se entre as paredes muito
arruinadas”.
De
rara e impressionante beleza, é um dos locais de eleição dos turistas que
visitam o concelho de Tabuaço. A primeira paragem levou-nos a casa do guardião
da chave do Mosteiro, habitante natural da Granjinha, e responsável pela Junta
de Freguesia. O senhor António Ribeiro confiou-nos a chave, e perguntou quantas pessoas
iam visitar. Acabamos por compreender, feitas as contas de cabeça, que a
pergunta é necessária para a contabilidade de visitas anuais ao Mosteiro - "De ano para ano há cada vez mais visitantes", afiança-nos o Sr. António, orgulhoso e ciente da relíquia maior desta freguesia!
Já
com a chave na mão, grande em tamanho e beleza, pudemos adivinhar o que ali
vamos encontrar.
Uma
estrada muito estreita leva-nos a S. Pedro das Águias.
Templo
de arquitectura românica, de rara beleza, está envolto em misticismo e
silêncio. Ouve-se, lá do fundo, o rio Távora que nos pareceu em perfeita
harmonia e cumplicidade com o Mosteiro. É normal. Os dois assistiram e guardam até hoje o desfecho
trágico da história de amor entre D. Tedon e Ardínia…
A igreja
é de pequena dimensão. Já no interior, encontramos uma capela-mor rectangular,
composta por nave única. A porta principal do templo está construída voltada
para um rochedo, diz-se que seria por uma questão de defesa. Possui uma
exuberante ornamentação constituída por figuras e símbolos geométricos, distinguindo-se,
claramente, motivos fitomórficos, zoomórficos e antropomórficos. Já na porta
lateral, sobressai um Agnus Dei e uma Cruz envolta em laçaria onde se exulta ao
Deus dos Exércitos que “guarde a entrada e saída do Templo” – segundo tradução
do nosso guia, Gustavo Almeida.
De
rara beleza, digna de visita, está explicado porque é considerada uma das jóias da arquitectura românica em Portugal, apesar das lendas e incertezas
cronológicas que pairam sobre a mesma. Certo é que este lugar, no seu isolamento e silêncio, pode muito bem ser o tal Reino Encantado de que tanto se fala em histórias de encantar. E só podia estar aqui: no concelho de Tabuaço!
Manuela Martins
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