Não foi ao acaso que o livro
foi apresentado em Tabuaço, já que toda a história tem início neste concelho
mais propriamente em Guedieiros, na freguesia de Sendim, e remota ao século
XIX.
O título do livro é
sugestivo, porque foi nesta terra que existiu uma fábrica de pólvora negra,
onde ainda hoje se podem ver os vestígios de uma unidade fabril que em tempos
forneceu a pólvora para a construção da estrada 323 projectada por Tito de
Noronha e ainda a abertura da linha de caminho-de-ferro do Douro. Com o final
destas duas obras e a distância até ao Pinhão, onde o produto era levado em
animais para transporte fluvial e daqui para outros pontos do país e
estrangeiro, levou o seu proprietário Libânio Augusto d’Oliveira, a transferir
as instalações para um local que fosse mais perto dos portos de mar, com vista
ao envio da pólvora para África um mercado de interesse para a colocação do
produto tendo em conta o início do desenvolvimento através das vias de
comunicação até então inexistentes. O novo complexo industrial viria a ser
construído em Vale de Milhaços na margem sul do Tejo e a sua expansão foi
rápida quer em instalações quer no seu funcionamento. Muito diferente da
fábrica de Guedieiros que era movida pela água armazenada numa represa a uma
cota superior no rio Távora, passando depois em Vale de Milhaços a funcionar
com máquinas a vapor. O livro está repleto de testemunhos e fotos de pessoas
que trabalharam na fábrica e todo o desenvolvimento à época onde as pessoas
viviam tempos difíceis e relata os sucessivos acidentes de explosões com os
resultados nefastos que normalmente estes casos acarretam, inclusive o acidente
ocorrido em Guedieiros em 1892, onde três operários perderam a vida. Ao longo
de toda a sua história, e até ao encerramento da fábrica em 2003, houve muitas
explosões das quais resultaram várias mortes, entre elas a mãe da escritora que
não resistiu aos ferimentos. Este ponto aqui e como é compreensível, torna-se
delicado para a autora do livro, já que pelo desgosto causado pela perda da sua
progenitora, teve de fazer uma pesquisa exaustiva, recorrendo a pessoas e
instituições para consulta de arquivos. Para além disso e para que a sua
“história” retratasse o mais fiel possível todos os acontecimentos, teve de
visitar a fábrica mais que uma vez, local de onde guarda tristes recordações.
Aconselhamos
a leitura deste livro e tal como o Presidente da Câmara Carlos Carvalho, disse
na sua apresentação, é através desta obra que se pode conhecer mais a história
do concelho de Tabuaço e a sua influência de interesses que teve para certos
fins.
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